
Durante sessão na Assembleia Legislativa, o deputado Requião Filho chamou a atenção para o que descreveu como uma situação “no mínimo peculiar”. Ele destacou que diversos deputados, principalmente os de orientação progressista, subiram à tribuna para defender os praças da Polícia Militar. Segundo ele, os deputados que tradicionalmente defendem pautas de direita e o militarismo, e que se elegeram com essa base de apoio, permaneceram em silêncio.
Requião Filho pontuou que questões como “orientação sexual é pauta, o banheiro dividido ou não, é pauta, se a marca pode ser ou não aqui ou ali, é pauta que recebe muito mais atenção de alguns parlamentares do que “o salário e a vida de milhares de policiais militares”. Ele afirmou que esse silêncio não é falta de conhecimento sobre a realidade policial, mas uma acomodação ao que ele chamou de “sistema”, utilizando um termo popular na campanha de Curitiba.
“O sistema, geralmente, beneficia de cima para baixo e atropela os mais fracos, sejam eles policiais militares, pequenos empresários ou agricultores”, afirmou o deputado, comparando a estrutura política a uma “pirâmide invertida” que prioriza os mais poderosos.
O deputado enfatizou que o projeto de reestruturação não foi elaborado na Assembleia. “Eu gostaria de poder apontar o dedo e dizer que foi o deputado A, B ou C que fez esse texto e que não entende de polícia, mas o texto veio pronto, de cima para baixo”, explicou Requião Filho. Ele acrescentou que, para muitos deputados, a escolha era entre aceitar o projeto como estava ou nada, e que, apesar de várias tentativas de diálogo e emendas, a orientação da Casa Civil, do Palácio do Iguaçu e da Secretaria de Segurança não mudou.
Para ilustrar a falta de autonomia da Assembleia em decisões impostas pelo sistema, o deputado usou uma frase familiar aos policiais: “Ordem dada é ordem cumprida.” Ele explicou que, sob regime de urgência, o projeto passou sem o devido debate ou alterações essenciais, e que, em casos como este, “a casa fica de mãos amarradas”.
Requião Filho apelou aos policiais militares, pedindo que lembrem quem realmente defende seus direitos. “Quem sobe à tribuna, quem coloca a cara para bater e quem enfrenta, é quem realmente luta por vocês. Escutei de muitos colegas: ‘Eu gosto muito de você, mas não posso votar nisso agora por causa de uma letra ou de um número’”, disse o deputado.
Ele ressaltou que sempre defendeu melhores condições para os praças e para o pessoal da reserva, destacando que sua luta não é recente. “Antes do partido, está minha consciência. E minha consciência, como a de vários colegas aqui, diz que os direitos e a vida dos policiais militares superam qualquer um desses obstáculos”, disse Requião Filho.
O parlamentar concluiu, afirmando que a aprovação do projeto era inevitável, mesmo que alguns deputados votassem contrariados. Ele expressou que o ideal seria que a Assembleia tivesse mais tempo para discutir, debater e dialogar, mas que essa oportunidade foi perdida. “Estamos buscando emendar e corrigir o texto; se será possível, o tempo dirá. Só que aqui o tempo corre muito rápido”, finalizou o deputado Requião Filho.
De acordo com representantes das classes de base da PM, o projeto beneficia desproporcionalmente os oficiais, com aumentos que chegam a 32%, enquanto os praças receberão reajustes limitados a até 12%
Via: Assessoria Requião Filho - Foto: Divulgação